2021, o ano do #gratidãogeraimensidão
E esse 2021?
Como foi? Já falaram com vocês sobre ele?
Quem me segue no Instagram, sabe que a minha meia noite foi literalmente em trânsito, já a minha mente estava alinhada em deixar para trás o que não tem espaço nos passos que seguem. Talvez começar o ano pessoal a 19 de dezembro ajude, a ter presente o que se quer libertar e mente aberta com o que quero concretizar ou pelo menos com o que quero ser.
Foi muito antes de 2021, que senti necessidade de me conhecer mais a fundo, acredito que aos 20 anos, não sabemos muito de todos os eus que somos, não entendemos as nossas dores, as nossas verdades não são totalmente nossas, e vivemos na verdadeira descoberta, experimentação e construção de tudo o que podemos ser; foi por esses anos, que comecei um caminho de desenvolvimento pessoal, que hoje me faz saber mais sobre quem sou.
O meu primeiro passo neste caminho, começou na descoberta de tudo o que não queria.
Sim, muito antes de saber quem queria ser, o que queria fazer, entender propósitos, missões, que hoje tanto se fala, muitas vezes quase que como algo que nos obrigam a saber, numa ditadura da positividade e do sucesso, andei a partir as minhas pedras interiores, a vasculhar as minhas fundações, medos e traumas e descobrir tudo o que não queria em mim, no meu caminho, tudo o que não queria ser, ter ou fazer.
Este não querer, tem mudado ao longo dos anos, o que não deve surpreender-vos porque tudo na natureza muda, até as nossas vontades e certezas absolutas.
Muitas vezes digo, de forma consciente, que mesmo que não saiba para onde vou, sei bem onde não quero ir. E comparo muito esta frase, ao momento que vivemos a cada passagem do ano.
Antes de saberes o que queres para o ano seguinte, os teus desejos ou objetivos, sabes o que não queres? Libertas esse espaço em ti? Assumes os teus não quereres? Falas contigo sobre isso?
(Pensa nisso, como uma dica para o próximo ano se achares que já não é tempo de te dares este tempo)
Por aqui, 2021 foi sem dúvida um ano de recentramento.
Depois de perceber o meu valor central, da expansão que isso me deu em termos pessoais anos antes, 2021, veio mostrar-me que nem sempre é possível viver na sua plenitude. Isso é bonito, mas na vida real, é quase impossível a 100%. Muitas vezes abraçar essa impossibilidade e ser flexível com o nosso eu importa, muitas vezes, até estar completamente longe desse nosso valor central numa determinada situação, pode ser a nossa melhor opção. E mesmo assim, está tudo certo.
Foi também 2021 que percebi que, depois de descobrirmos o nosso sentido das coisas é difícil vivermos muito tempo na direção que se lhe opõe. Se o fizermos não estamos por certo, felizes.
Em 2021, pratiquei a gratidão, depois do curso de mindfulness, descobri que este hábito era um gatilho gigante para o meu bem estar. O mantra #gratidãogeraimensidão acompanhou-me todos os dias, até nos dias em que me senti uma tonta por ver literalmente no céu motivos para as minhas alegrias diárias.
Criei hábito de agradecer todos os dias pelo menos por 3 coisas ao deitar e ao levantar, primeiro escrevendo-as, até que de forma instintiva elas passaram a ser uma das minhas rotinas orais, que de forma inata, são agora um ritual diário, onde me encontro com o meu aqui e agora.
Ser gratos, torna-nos mais “ricos” e melhores pessoas, podem gozar com o cliché, que eu não me importo, e 2021, entre furações, foi sem dúvida um ano de gratidão.
Foi em 2021 que perdi muitas vergonhas e alguns medos, não todos os que gostaria, mas aqueles que tinha de perder, para ser quem sou agora, para assumir a minha missão ou pelo menos aquela que ao meu eu faz sentido, percebi que o meu lugar é meu e encontrei espaço onde sei que faço a diferença, desprendida de julgamentos externos, ou expectativas que não são minhas, onde perdoei, onde relativizei e onde a minha palavra preferida assumiu um significado ainda maior. Impermanência em todo o seu esplendor. Ela que que foi motor para agir, dar passos para fora da minha zona de conforto e me permitiu dar-me a oportunidade de fazer, porque aqui e agora são um presente que depois de o termos “falado” já são passado. Perceberam? 🙂
2021 foi o ano em que percebi que tomar partidos, escolher e ter opiniões e causas é necessário, não é mau e é uma forma de sermos inevitavelmente quem somos. Há quem se afaste por isso, há quem chegue e depois há os de sempre <3.
2021 deu-me poder de ser e crescer e acredito mesmo, que o que chegou em desafio e alegria, veio pela gratidão do encontro do que é simples (num ano em que financeiramente nunca tive tão pouco e até em muitos dias, me doeu muito o meu coração).
2021 também me fez pensar mais na minha relação com o dinheiro, se por um lado as pequenas coisas me fazem sentir bem, e nelas sem encontrar prazer, merecer abundância está á disponibilidade de todos e para mim também. Tenho de acreditar nisso. O dinheiro para lá de uma necessidade é uma troca que chega pelo teu trabalho, serviço e ação, ganhar dinheiro de forma justa, movimentá-lo com sentido é uma possibilidade, que agora entendo melhor.
2021 foi um ano de mudança, crescimento em mim, a prova provada disso, foi ouvir “quem te viu e quem te vê”, ” ai, tu não eras assim” e penso, esta sou eu, sempre fui assim, mas agora mostro-te sem reservas. Fico orgulhosa desta pessoa que sou hoje, que conhece a sua verdade e que sabe que há valores que têm dos quais não prescinde.
Calma, que 2021, não são só rosas e as transformações pessoais, não são beleza pura.
Ficam sempre coisas por fazer, há sempre caminhos dos quais não falamos.
Também eu, neste caminho, e em 2021, me sabotei, me distraí, me perdi.
Em dezembro abracei um novo desafio profissional, como qualquer pessoa, movida pela segurança, estabilidade, pela oportunidade, pela instituição, pelo estímulo das funções. Passados 3 dias do seu inicio senti que me estava a defraudar, a corromper o meu valor central, a deparar-me com algo que não contava encontrar, a desafiar a minha noção de #worklifeblending e muito do que é para mim fundamental para me sentir feliz.
Foram dias, semanas a pensar no porquê da minha escolha, no propósito desta minha decisão, nos prós, nos contras, outros dias focada em fazer bem, em loop ou piloto automático, ausente para tudo o que ía para lá do básico e necessário ao correr das rotinas. Outros a refletir e a perceber porque se afastam as pessoas dos amigos, porque não temos força física e anímica para programas depois do trabalho, de como caótico é viver numa casa pouco organizada e limpa, sem vontade de cozinhar, a sentir-me culpada pelas saudades que o meu filho dizia ter de mim… e podia continuar…
Talvez tenha sido um teste a todo o caminho que fiz em 2021, talvez tenha sido o meu ego a querer trazer-me para aquele patamar seguro, onde nos fechamos ao desconhecido do incerto, à impermanência real e ao que podemos ganhar com os nossos novos passos, aqueles difíceis de dar, em chão que nem sempre vemos, talvez uma oportunidade de perceber que por vezes o nosso certo, não é o que de nós é esperado, e temos a oportunidade, de mesmo na incerteza fazer o que nos faz sentido. Talvez tenha sido só eu a querer saber se era capaz de fazer o que já fiz e procurar sentir-me bem com isso… talvez…
O certo, é que acabei o ano a sair desse desafio, que não tem culpa de eu ser como sou, de a minha vida ser como é, de priorizar uma estabilidade pessoal, a flexibilidade que o trabalho não me deve tirar, e de querer viver alinhada com o que defendo e aconselho aos outros e aos meus.
Foi um verdadeiro deixar para trás o que não sei que não quero na minha vida, um não encaixar ou abdicar de valores que são inegociáveis para o meu estar. E sabem, passar esta decisão para a prática, mesmo certa dela, foi difícil, foi emocional e levou-me para vulnerabilidade.
Porque do outro lado estão afinal, boas pessoas a viver as suas verdades e o que lhes faz sentido.
Foi, sem dúvida uma forma de começar de ano com tempo para os meus, alinhada com o blending que quero ter. Mesmo que em muitos dias, saiba de antemão, que não o tenha ou vá ter, escolhi aproximar-me dele. Fui verdadeira com os meus objetivos, sentimentos e prioridades e esse foi o mood, mesmo que num registo mais profissionalmente incerto, que comecei 2022.
Como não ser grata a mim por isso? Como não agradecer a minha coragem, como não agradecer até a oportunidade que dezembro me deu para dar este passo, para tomar decisões, para fazer as minhas escolhas?
Com isto, acham que vos estou a dizer que o meu 2021 foi maravilhoso… até que pode ter sido. 🙂
Mas foi duro, estranho, difícil. Foi isso tudo e menos bom que ainda se pode acrescentar.
O que o tornou bom, afinal?
Foram sem dúvida as minhas escolhas, a forma como escolhi responder a cada desafio imprevisível, a cada perda e, nunca, mas mesmo nunca, em dia nenhum deste ano que passou, deixei de me dar tempo e de ter pelo menos 3 motivos para agradecer em cada um de todos os seus dias.
… e no topo da lista para 2022: que o tempo para a gratidão nunca me falte.
se não sabes para onde vais, não te assustes, começa por saber para onde não queres ir (e lá chegarás <3) ….
Seja por onde for, vai com sentido.
Sem esqueceres o lugar de onde vens…
Tu constróis o teu Agora!
Carolina

21/6/2017