À tua espera…
A noite chega tarde, o sol do verão que ainda não chegou mostra-se num alongar demorado. Os dias estão maiores…
O meu corpo entre papéis, confusão e ficheiros, letras e ideias soltas, pousa-se sobre um ar abafado, que anuncia trovoada e vai pedindo devagar para dormir.
Irrito-me com este cansaço, esta espécie de apatia física que se instala de maneira demolidora e me retira objectividade.
Quero dormir, sei que não posso, na hora de ir para a cama vou lembrar-me do sono que perdi, e que contadas umas horas que não sei para onde foram, mas desapareceram, esqueceram-se por aqui do cansaço. Esse ficou….
Sento-me no sofá, os sapatos juntam-se a outros espalhados no chão já ontem… Sento-me só…Sinto a brisa fresca da casa e não me importa o sol que teimosamente permanece escostado do lado de fora da janela fechada ….contemplo a escuridão da sala, fecho os olhos, perco noção do tempo, viajo…
Sinto o calor, como se brisa fosse, passa-me junto ao pescoço, entre os vestígios de pequenos cabelos mal apanhados… E voo algures, longe, perto, para onde o tempo não conta.
Na ausência ainda agora só, sem que saiba como chegas, a tua mão agarra o meu cabelo com uma força delicada, e no silêncio da nossa casa agarras a minha mão, que pousas sobre o teu peito. Todo o meu corpo sente o bater do teu coração que me invade mão a dentro.
Tocamos-nos num beijo, a solidão desaparece… A casa fica invadida da luz do fim do dia, do vento que passa, cheia de nós!
Sinto…E é tão bom chegar a casa.
Sinto…E é tão bom chegar a casa.
….
Continuo no sofá, a casa continua só, eu ali com ela, deixo a luz entrar, deixo o dia lá fora, preparo-me para sair do sofá…respiro fundo e instala-se a tranquilidade… Estou feliz, estou à tua espera!