Diálogo de uma “surda-muda”
– Bom dia!
– Costumo acordar assim!
– Hoje estou feliz, cansada, tonta, mas feliz!
– Costumo acordar assim, não sempre, mas costumo…
– Eu não, mas hoje sim…
– Esse sorriso é mesmo teu!?
– Sim este é meu, já não o tinha a muito tempo aqui tão perto…
– O sono foi profundo?
– A noite foi normal e o sono esse como sempre fraco e pouco.
– Os sonhos foram intensos?
– Não me lembro muito deles, mas são como o de costume tortos e baralhados!
– Esse sorriso teu é então da almofada?
– Não é da noite, da cama, ou da almofada. É meu, de mim para mim, não foi a noite que o trouxe, foi a tarde, o dia, foi a descoberta de que afinal há quem desege, queira e goste.
– Do teu sorriso ?
– Das pintas da minha cara, das covas do meu sorriso, dos meus olhos castanhos, do meu jeito, de mim, tal qual como sou, surda – muda para o mundo de quem eu quero.
– Sorris de vaidade??
– Não, de vontade, de descoberta, de liberdade! Quando nos fecham as janelas perdemos as asas, mas só até descobrirmos que há sempre outras portas, as nossas, que outros nunca podem fechar, e que só cegos poderemos enconstar a nós próprios….
– Acordaste então!!
– Parece que sim. e Tu? Já acordaste assim???