divagações sobre o amor
o amor é parvo,
pateta e torto, parecido com uma lata de tomates pelados de tão vermelho que é.
o amor é um pimento assado e quente,
que se separa da casca depois de tanto suar.
é um estúpido rapaz e uma mimada rapariga.
o amor não existe,
não se vê, não tem linha que se traça ou destino que se encontre;
o amor é enorme
com as baleias e as pessoas altas e obesas;
como tudo o que está para lá do mundo;
o amor é às cores como uma montra de uma loja de verniz para as unhas
e uma primavera de cores;
o amor é calçar ténis sem ser ao fim de semana,
e calçar uns stilettos para acompanhar a roupa interior.
o amor é um cão,
ladra de encantos, abana o rabo de feliz,
uiva de dor e magoa nas ruas da amargura;
o amor é um cena estranha,
uma cena sem filme, ou um filme sem cenas;
o amor é uma girafa de cabeça no ar e uma avestruz de cabeça na areia;
é uma força, uma doença, um suspiro, um gemido;
o amor é o perfeito silêncio, aquele que não incomoda quando se partilha,
é o olhar, ultrapassa em larga escala a sua conjugação falada em verbo,
é muita mais que o som da acção que promove;
o amor é um bom dia,
e é um dia bom,
é quase sempre um quase, e quase nunca um nada.
o amor pode ser tudo o que quiseres e ainda o que não tens,
pode ser o mais imperfeito dos caminhos
a mais sinuosa estrada, o mais perfeito ideal
e de certeza que no final de contas não é nada disto!