diz que o V costuma ser de Vitória!
não importa se devia estar na escola, e estou por aqui a vender postais de má qualidade aos turistas.
turista que se não compram tiram uma photo e levam a minha imagem para um longe que não sei onde fica, muito para lá da noção de distância que por não ter ido à escola não cheguei a conhecer.
um ou outro vão pagar uma coca-cola, fazer uma a outra pergunta, barafustar para não o incomodar, vão falar com sons que não conheço e palavras que não decifro.
farei o meu olhar de pedido, um outro sorriso malandro, um gesto de procura, e mostrarei a beleza das imagens dos postais do meu país, de alguns lugares onde já fui, mas não pareciam assim tão belos, e de outros que nem sei se existem…

nesta rota diária sempre igual, entre uma e outra brincadeira e o trabalho das moedas, aprendi um gesto que qualquer pessoa entende, até os louros e brancos que não sei como aguentam este calor, um gesto em que os dedos fazem um bico, e faz rir quem me olha, os meus companheiros fazem igual, fazemos todos, e sorrimos, como se fosse um hino que nos mostrasse como somos.
um V com os dedos, ou de um bico dos mesmos, costuma ser de Vitória!
um V de vitória, feito com as mãos, não têm língua, ou som, é uma universalidade da comunicação gestual… existe, persiste, despoleta nos demais reacções e pensamentos. é um V, faz-se com as mãos.
sei que é de vitoria, rio ao tirar a photo, questiono-me ao ouvir o disparo – saberá ela o que faz com os dedos, como se dirá vitória na sua língua, em indonésio?
será que o seu gesto e reflexo do que sente, ou simplesmente aprendeu, que aquele V, de nada, de expressão de dedos, ou de vitoria, faz viajantes como eu comprar-lhe os dez postais… pelo dobro do dinheiro que me estava a pedir?
o v costume ser de vitória…costuma ser, esperamos que seja sempre …