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Uma família de 3

Uma família de 3

E se me apetecer gritar?

29.03.2020

A Mãe é que sabe

Tenho tido insónias. E se me apetecer gritar?

Tenho visto menos notícias para as evitar. Olho para os números, curvas e previsões. E para um noticiário por dia. E se me apetecer Gritar?

Choro alguma vezes, como se estivesse grávida. E não estou. (Tenho muita certeza que não).

Choro de uma tristeza que não sei explicar. Choro quando vejo notícias e olhos de pessoas em rostos com máscaras. Choro à janela quando vejo mais um dia. Choro depois das compras num supermercado estranho, para mim.

E se me apetecer Gritar?

Não estou deprimida. Acreditem. Estou a tentar manter-me saudável. Saudável é esta minha vontade de Gritar. Ou as minhas lágrimas teimosas, que me mostram que estou mais sensível.

Estou com os meus em casa. Aliás, estou com os de casa. Estamos bem.  Sinto que me faltam todos os outros.

Tenho medo de não voltar abraçar a minha avó. Que se “afogue” nesta vírus num hospital qualquer onde não vamos poder ir para a ver ou acompanhar: E se me apetecer Gritar?

Tenho medo que os meus pais adoeçam ou os meus irmãos e eu longe. De um hospital que não os receba, de um médico cansado e quem sabe contaminado a tentar dar o seu melhor para os curar, mesmo sem dormir em casa, há noites demais, por não querer contaminar os seus. Tenho medo De os perder.

De perder um amigo ou de saber de perdas suas sem os abraçar. E se me apetecer Gritar?

Vai ficar tudo bem. Sim vai ficar. (Com o tempo ficará) Mas não vamos ficar todos bem. Uns vão morrer, outros vão perder quem amam. Uns vão perder o trabalho, outros vão passar dificuldades extremas. Uns vão adoecer e não ter cuidados outros vão estar doentes sem saber, por evitar ir ao médico. E se me apetecer Gritar?

Se me apetecer Gritar, vou Gritar. E deixem-me Gritar.

Fazer a higiene da minha mente. Defender-me, arrumar e sentir as minhas emoções.

Porque preciso se Gritar com o mundo, com as pessoas, comigo e com Deus. Mesmo que depois dê graças e seja grata por mais um dia, mais coisas boas que tenho e vivo.

Mas preciso de gritar. E não me venham com merdinhas, moralismo, dicas e falinhas mansas. Não me venham com antidrepessivos ou teorias. Não se encham de razão para opinar.

Se me apetecer Gritar, eu grito! Porque sinto, sei como me sinto entre tanta coisa que hoje não se sabe.

Se me apetecer Gritar, grito. Tenho feridas abertas, saudades, faltas de abraços, de espaço e liberdade. Tenho vontades que controlo, ajustes que faço aos dias e vontade de ser uma pessoa melhor.

Se me apetecer Gritar, grito. Porque me fará bem. Aumentará a minha clareza de visão para estes tempos. Vai juntar-se à meditação, ao exercício, ao yoga, à leitura e a tantas coisas que tenho feito, para que o meu coração fique no lugar sem inchar, sem querer sair!

Tempo de recolha, renovação, limpeza, esperança, boas memórias, tempo para ter tempo para os nossos. Tempo de estar só, de silêncio… de gritos.

E se me apetecer Gritar?

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Sobre os 3

Carolina Albuquerque, 34 anos. Mãe em construção, a Mulher desta família de 3. Casei no dia do meu aniversário com o meu companheiro de viagem.

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