mais perto
há lugares destinados às nossas passagens, aparecem por acaso na nossa bagagem e levam-nos com eles numa outra viagem. paralelos ao tempo que temos para nós, são dádivas que não podemos negar, memso que vindas do acaso.
estes lugares ficam perto, aproximam-nos, dispensam bagagem excessiva e libertam a mente de uma rotina, ou de muitas, de pessoas, de energias, de coisas superfulas e batalhas diárias tantas vezes desnecessárias.
há lugares que nos fazem cruzar oceanos e esquecer que para estar do lado de lá deles, necessitamos de objectos para comunicar, nos fazem esquecer que precisamos deles em dias normais, e nos mostram que normais podiam ser dias diferentes, são limpadores de informações contaminantes, de pessoas que não interessam.
em lugares assim conseguimos exercitar e praticar o nosso gosto por nós mesmos, e transformar a saudade num ternura fantástica de querer que alguns estivessem ali connosco para partilhar aquele tempo e lugar, esquecendo o resto do mundo, as teclas, o carro, a nossa cama, a sopa da nossa mãe e simplesmente desfrutamos do ficar mais perto de nós…
estes lugares são memorias vivas que associamos à clareza das nossas imagens, das fotos que trazemos no cartão e na retina, aos sabores que cruzamos e ao amor que fazemos em camas de ninguém , pois de ninguém são estes lugares abertos ao espaço de quem os quiser ocupar…
a sorte grande que tenho comigo é já ter estado em lugares assim, mais sorte por olhar para alguns deles com os meus olhos e ainda pelos olhos de quem passa comigo por todos, e me mostra o que não vejo, e vê de mim o que não encontrou… tenho comigo a sorte de grande de algumas vezes no ano, conseguir sair do meu dia-a-dia repleto de eus que tanto quero e de outras tantas rotinas que não venero, para ir, estar, viver e dizer que tenho comigo lugares onde estive mais perto de mim…
(Bali foi um passar por lá assim …)