Os desafios do amor na relação a 2
Quando vejo algumas fotos nossas, lembro -de tantas histórias e aventuras. De um tempo diferente…
Nós, fomos passando com os anos.
Ainda bem. Avançar, mudar, faz parte.
Num mês onde sempre falamos de nós. Num mês que marca em nós a purga da nossa relação e nos remete para tempos desafiantes, damos ainda mais espaço a nós mesmos para sentir como estamos, como vamos, para onde vamos e se estamos a gostar do caminho. Este ano, agosto foi mais uma vez desafiante. Mas passou e depois da perda, da luta, do realinhar de todos os ponteiros, projetos e sonhos, seguimos juntos no caminho.
Num tempo onde tantos questionam o amor e tantas relações se perdem, valorizar e manter este hábito de olhar para o que temos, o que somos juntos, separados e com o miúdo é mesmo um privilégio. Ouso dizer que pode até ser uma dica.
Viver a 2 é como todos sabem um desafio. A mais de 2 mais desafiante é.
Não é à toa que quando olhamos para as nossas fotos antes de termos filhos, elas parem de outra vida.
Costumo dizer que os filhos não dão saúde às relações doentes. São multiplicadores de amor mas também podem acelerar desamores e não digo isto para carregarem os miúdos nas suas costas desavenças dos casais… longe disso. Porque na relação a 2 para o bem e para o mal, os 2 carregam o seu desenrolar. É este desenrolar no tempo que traz desafios. Não sou terapeuta de casal, nem especialista em relações, sou uma pessoa que procura na sua vida integrar todas as esferas de forma a encontrar o meu bem estar é equilíbrio, e é nessa condição que enumero o que são para mim os desafios do amor numa relação a 2.
• a confusão entre paixão e amor
Um queima ou outro brilha. Muitas vezes e para muitas pessoas uma paixão que não queima é motivo e é importante o suficiente para se desistir do amor. Pode ser empolada pelo desencanto, pelas rotinas ou por crises de identidade de um dos membros do casal. Manter a chama é amar sem dúvida nenhuma, mas é desafiante numa vida corrida, num ambiente sempre igual, no correr dos dias… possamos lembrar-nos dos primeiros tempos de relação, dos planos e das surpresas, do querer estar, do picar, do dar atenção e trazer um pouco de tudo isso para os dias do casal.
• a falta de tempo
Falta de tempo útil a 2, falta de tempo em família fora da rotina dos dias, falta de tempo para cada um, falta de tempo com amigos… a falta do espaço para o casal ser casal e para cada um ser cada um.
Não é fácil gerir o tempo, eu costumo dizer que quem o sabe fazer está muito próximo da verdadeira felicidade. Mas encontrar tempo para cada um de nós, para o que gostamos, para quem gostamos e abrir um espaço na nossa vida para as coisas boas. Fazer isto, significa muitas vezes dizer que não a muitas coisas que até aqui podem ter sido difíceis de deixar para trás, e abrir um linha nos nossos dias que nos mostra as nossas prioridades e nos fará escolher o que realmente queremos nas nossas vidas…
• o desrespeito
Conhecer bem e muito do outro não dá o direito a ninguém de o desrespeitar, de quebrar compromissos, mentir, magoar de forma leviana, invadir o espaço ou manipular. O respeito, o compromisso, a verdade são motores capazes de ligar pessoas numa relação que faça sentido e que vá crescendo sólida.
• a comunicação errada
Seja por falta de comunicação, ou porque esta se faz de uma forma errada muitas relações padecem com isso. Muitas vezes não dizer o que se sente, pensa, deseja, ou não ser flexível e saber escutar o outro, usar a violência verbal ou até não verbal, viver em gritos constantes, ou simplesmente não dizer nada, deixar de partilhar, olhar, conversar ou discutir, trazem para a relação vazios ou lugares onde um ou os dois não se reveem, não se ajustam, lugares onde um ou os dois não querem estar. O espaço para o dialogo, para a comunicação bem como para os silêncios (acho mesmo que saber estar em silêncio com o outro sem que nos pareça estranho ou constrangedor é um bom barómetro da relação, ou pelo menos tão bom com a frontalidade e confiança com que com ele falamos de tudo) é um espaço para o crescimento das relações. A comunicação, assim como as pessoas, e as próprias relações também muda ao longo do tempo, como reflexo da maturidade e do que vamos vivendo.
. os projetos (sonhos a 2 e os de cada um)
Ter projetos e sonhos em comum não significa que as pessoas tenham de ser iguais, nem tão pouco que devamos pensar naquela frase batida de que os opostos se atraem.
Projetos em comum que possam ir para lá de um filho, de uma casa ou um carro, são pontes nas relações. Levam as pessoas a juntar o que fazem de melhor em algo que querem que aconteça para elas e para elas juntas. Os projetos não precisam de ser um negócio, mas muitas vezes, o planear algo juntos cria nos 2 uma ligação e cumplicidade de ajuda, de pareceria que a rotina pode tirar.
Se paralelamente a este espaço para se criar coisas juntos, ainda conseguirmos ajudar quem nos acompanha, nos seus projetos e sonhos, estamos a enaltecer, acrescentar e elevar a pessoa que temos ao nosso lado. Sim fazer isso não nos tira mérito ou pedaços, bem pelo contrário.
. a competição
Nos últimos tempo tenho sentido que muitas pessoas em relação vivem numa permanente competição.
Querem ser os melhores pais, ser o que faz mais e reclama mais que o outro não faz, não está, não acontece. Depois há ainda o que ganha mais, quem trabalha mais.
Aqui ainda podemos juntar a inflexibilidade, o queremos tudo à nossa maneira, por certa a certa. O acharmos sempre que vencer é termos razão…
O convite nas relações deve ser o de recordar o que nos levou a escolher uma pessoa para estar connosco, por certo queremos o melhor para nós. Querer o melhor para nós não deve ser uma luta de querer ser sempre melhor que essa pessoa.
. a falta de intimidade
Com o passar do tempo acredito que não é suposto sentirmos o outro como um estranho, ou termos vergonha de nós quando estamos com o nosso outro lado do casal. Com o passar do tempo a relação do corpo deve ser mais fácil, acredito que nem sempre é. Se somos nós tantas vezes inseguros com os nosssos corpos como espermos agradar ao outro?
Acredito que a intimidade também é um caminho que nem sempre queime como a paixão, mas que muitas vezes se aproxime de queimar com o nosso contributo, com o nosso tempo, com o nosso desejo. Ela é um importante complemento do amor. Ela é dar de nós, receber, é união, partilha.
É mais do que o momento em que fazemos os nossos filhos, e por si só devemos ter e encontrar na nossa relação um momento para ela. O espaço para a intimidade é um espaço que fortalece auto-estima de cada um e da própria relação, que trás segurança e liberdade, ultrapassar os obstáculos que lhe surgem, seja quando nasce um filho, seja quando achamos que não somos atraentes, seja por falta de tempo, excesso de trabalho, ou até falta de vontade é um desafio da relação, partilhá-lo pode ser chegar a uma solução que melhor responda ao que o casal precisa, sem que um se sinta menos bem por isso….
. a ausência de perdão
Quem nunca falha?
Quem perdoa?
Possamos pensar sempre sobre a nossa capacidade de perdoar, de acolher, de entende, de nos colocarmos no lugar do outro, de arrumar em gavetas o que as mágoas fizeram connosco e ir em diante…
Perdoar será sempre um grande desafio.
. deixar de ser Eu
Nunca numa relação podemos perder de vista o nosso Eu.
Só assim podemos ser autênticos. Se deixamos de ser eu para sermos outra coisa qualquer que agrada ao outro mas não serve à nossa pele, o que estamos a viver é uma mentira…
Podia acrescentar a falta de amor… mas não o faço… quase sempre é a ultima coisa a perder-se, eu acredito que assim é porque até os sentimentos sabem o que fazem. Se existe amor, há sempre espaço para tentar que os desafios deixem de o ser. Se não existe amor, e não ficou nenhum amor para depois da relação a dois fica aberta a porta da tristeza e do muitas vezes de um fim.
Quando não há amor, não há desafio…
As relações não têm receitas.
São o que são e como são em cada um e a cada dois, muitas vezes a mais, porque a família e o próprio contexto são um desafio que podemos acrescentar ao que já falei e a tantas outros. As relações são formas de como escolhemos viver a vida.
Somos responsáveis pelas nossas, sempre. Somos responsáveis pelas escolhas que por elas e dentro delas fazemos, assim como somos responsáveis por nós.
As relações são um dos muitos caminhos para a nossa felicidade por isso são vividas de forma tão diferente pelas pessoas. Não há nenhum mal em ser ou escolher a forma como vivemos as nossas.
A quem segue 2 dois, o que posso dizer é vencer os desafios dia-a-dia é sempre uma boa escolha. Passo a passo, uma coisa de cada vez, garantindo que o nosso eu se alinha com o caminho a 2 que estamos a fazer….
Sem receitas, mas fieis a nós e sim, com Amor!
Como na foto que escolhi para este post, podemos sempre ver para lá do lado onde estamos, olhar no lado contrário e sermos cada um de nós enquanto juntos também somos um casal… podemos, se quisermos!