Tempo de regressar à escola!
Quando em Março do ano passado confinámos, mesmo antes de fecharem as escolas já eu estava com o Xavier em casa.
Naquela altura, entre tanta informação desconhecida e eu em casa, foi o que nos fez mais sentido.
Tinha eu, tínhamos nós, muito medo!
Quando no inicio deste ano, voltámos a confinar, eu disse sempre, fechem tudo menos as escolas dos mais pequenos.
…
Hoje, quando o meu filho foi para a escola, fiquei igual a tantas outros dias, onde penso que estaria ele tão bem comigo, mas está ele tão bem na escola.
No meio do caminho desta pandemia, já fui a mãe que se manifestou contra o uso de máscaras pelas equipas educativas, de forma a serem substituídas pelas viseiras e pela testagem contínua destes profissionais. (eu sei que as viseiras não têm o mesmo nível de proteção das máscaras, mas não ver o rosto e as expressões de educadoras e cuidadoras têm impacto no desenvolvimento social e emocional da criança). Já fui a mãe que acha errado fechar parques e atividades não letivas e sou a mãe que acha mesmo que ele deve brincar com outras crianças e por isso acha hoje muito bom ele poder voltar à sua escola.
Estou, estamos muito contente com o regresso de hoje.
Creio que até já poderia ter sido antecipado.
O quarto e a casa estão mais vazias, arrumadas e silenciosas. Sim estão, mas só até ele chegar….
O meu filho acabou de entrar porta dentro e de dizer que teve um dia muito fixe e se sente feliz.
Viu os amigos, as pessoas de quem gosta, teve estímulos diferentes dos que teve em casa ao longo destes dias. Até come diferente, com o que isso tem de bom e de menos bom.
Privar as crianças da escola é na maior parte das vezes privar crianças de educação e cuidados.
E isso é tirar-lhes um dos seus direitos fundamentais.
Hoje as crianças voltaram a brincar, muitas a sair da sua casa, onde estiveram demasiado tempo nos últimos dias, voltaram a estar em ambientes de jogo, partilha e criatividade.
Hoje foi sem dúvida um dia de Março feliz, em que o medo da doença do Março passado foi substituído pela vontade de deixar os maios novos voltar a um ambiente próximo do normal.
Sim próximo do normal …
Entre muitas coisas que defendo, outras que penso ou questiono, há uma que muitas vezes não me sai da cabeça.
Ouvimos todos os dias que queremos regressar ao normal, na radio, na televisão, ou que temos um novo normal.
Na realidade as nossas rotinas mudaram.
O mundo mudou.
Mais que confinar, fugir, evitar todos os contactos do mundo, querer e desejar voltar ao normal que tínhamos (e certamente não voltará, pensemos na máxima, o passado já passou), devemos como ser racionais e humanos com capacidades excecionais de adaptação, ajustarmos-mos a esta realidade.
Vencermos os medos, mais que existirmos, vivermos os nossos dias, com respeito por nós e pelos outros claro e já agora com o ambiente (porque a pandemia deixou-nos um pouquinho menos atento às questões ambientais, parece-me).
Pensar nas crianças, nos jovens, adultos e idosos que têm existido cheios de fragilidades, sozinhos, agastados e até deprimidos, por eles e por nós precisamos de fazer melhor.
Ainda não é hoje de vos falo da educação a distância do seu potencial no ensino de adultos e jovens adultos motivados e com capacidades de autorregularem e planificarem o seu estudo ou como recurso complementar ao ensino de crianças com alguma maturidade e jovens autónomos.
Não são os computadores ou uma pen de banda larga que ensinam os nossos filhos.
Não são eles que resolvem o acesso à escola, à educação…
Muita coisa precisa de mudar no sistema educativo.
Mais prática, menos tempo sentado a ouvir sem perceber, mais inovação, mais capacidades emocionais e até mais tecnologia e claro mais bom senso, menos politiquice e populismo.
Por agora, hoje os miúdos mais pequenos regressaram às escolas, onde há mascaras, os pais não entram e estão os seus amigos para os acompanharem entre mil coisas que não fizeram em casa.
Fomos buscar o Xavier cedo.
Há imensas coisas onde sentimos que evoluiu por estar connosco e por conseguirmos ter tempo para ele.
Vamos seguindo com o equilíbrio e a certeza que entre um lugar e outro, onde ele pertence, a escola lhe faz muito bem.
Foi um dia bom.
Queremos outro como este amanhã.. É tempo de regressar à escola.