volta(s)
Há garrafas de água pelo chão, estão vazias, assim, deitados desajeitadamente, dois passos à frente a tua camisa, amarrotada, caída ali, e o resto não vejo, está perdido, entre a roupa que eu não tinha e aquele lençol arrancado da minha, daquela minha cama…
Estás ali há tantos dias, há tantas noites, há luz no quarto, as frestas daquela janela estão assim para nos mostrarem que o tempo não pára, que chove, que faz sol, que cai mais uma noite…a cortina está aberta e nada filtra…
Entre as voltas de um qualquer lado dali, estão ainda as paredes, ou melhor aquela, onde consegues colar-me e colar-te a mim, aquela que me deixa ver o sol, mesmo quando me esconde o teu rosto, aquela que me dá o calor abrasador e todos aqueles arrepios de frio, enquanto estou ali de mãos presas nas tuas e entre um dois que me faz sentir um…
Voltamos ali, quando arrefece, trocamos umas palavras e ficamos encostados aquele tempo que para nós não passa o lençol enrola o que é nosso e não precisa de mais nada para existir em pleno, mandas-me calar, obrigas-me a calar, aliás calas-me, e depois tudo se repete, ao mesmo tempo que é diferente…
Tudo isto porque sabemos que quando apanhares aquela camisa, quando as garrafas voltarem a ter água, quando fechar a cortina e subir o estore, quando dermos todas as voltas,vai haver o amanha que não queremos, o amanha depois do momento em que finalmente passámos por lá… e que depois nos volta a deixar…longe…longe da passagem!porque depois sabes que não voltas…