A (minha) pandemia!
Quando o ano começou e, em pleno dia 1 de Janeiro o homem foi para o hospital com uma alergia ao marisco, devíamos ter logo posto o ano no pause. O prenúncio já não era bom…
Quem me faria companhia nas amêijoas ao pôr do sol na Ericeira, no Cesars????
Já se disse quase tudo, acerca, de nos parecer um sonho isto de sermos nós, esta geração e os habitantes, deste mundo, onde, agora mesmo, existe uma pandemia.
Já sabemos, que vai ficar na história e, por isso, nós enquanto, povo, país e pessoas também. (Bons e maus motivos vão ficar escritos nos livros, porque não há cá perfeições)
Temos medo, temos saudades e temos tempo. Aquele tempo que antes não tínhamos!
Já ouvimos que o mundo nos deu um alerta e que temos de mudar, aprender e ser melhores pessoas! (Lol, alguns aprenderam e os outros?)
Vivemos estes mais de 100 dias com Incertezas, dúvidas que ninguém consegue responder. Teorias e sentimentos antagónicos. Conspirações, previsões, estudos, números e fake news, layoffs e teletrabalho.
Generalidades à parte. A minha pandemia não é igual à tua.
Não, não tem nada a ver com as mais de 600 mutações do vírus, ou eu estar no litoral e tu no interior. Nem tão pouco, por eu viver num apartamento de 80 metros quadrados e tu numa quinta.
O Eu que sou mais ninguém é! E isso, muda tudo. Muda a minha pandemia, muda a parte do mundo que é só minha.
Sim esta pandemia mostra-nos que as doenças não escolhem cor, idade ou género, que as regras de confinamento são para todos. Que o mundo de uma ponta à outra tem infectados.
Mas não nos leva as diferenças! Ou melhor, a individualidade. Porque essa não se perde quando defendemos direitos iguais para todos, não se perde por seguirmos as mesmas normas ou estarmos sujeitos a condições semelhantes.
Até a lutarmos para vencer uma doença somos diferentes! Temos corpos diferentes a lutar pela vida. Vida essa que é igualmente importante para todos! Quando não o é, deveria ser… ( sim devemos lutar por isso)
A minha pandemia marca a minha vida, afecta os meus planos, os meus sonhos, rotinas, muda muitas coisas nos meus dias, coisas que vão além de usar uma máscara, desinfectar as mãos ou evitar sair.
Essas coisas são as minhas.
Se tiver uma gripe, um cancro, um emprego, outra situação que outra pessoa também tenha, isso não faz de nós pessoas iguais com histórias iguais.
Faz de nós pessoas a viver as nossas vidas, passando por situações que se tocam em pontos comuns.
Podia ir mais longe e falar do médico ou do sistema de saúde que nos vai acolher ou até da alimentação que temos, ou da falta de comida… tudo muda tudo.
A minha pandemia toca-me como não toca a mais ninguém, deixa-me bem ou mal porque me leva ou traz momentos, coisas e pessoas que são para mim o que não são para mais ninguém. Porque o medo ou a força são em mim mesmo isso meus.
Não estamos todos no mesmo barco. Porque nunca chegamos a estar. Estamos todos no mesmo mar? Talvez. Mas até esse pode ser diferente de metro a metro.
Não somos um saco de pessoas a viver o mesmo. Somos cada um de nós a viver um acontecimento estranho, inesperado, apesar de anunciado e que nos toca a todos!
Que não seja esta pandemia, para lá de causadora de mortes e perdas, de crise e desemprego, uma linha aberta para uma politiquice ou filosofia parva onde o todos iguais em direitos e liberdades que o mundo tanto precisa nos venha querer roubar a individualidade e o pensamento critico que como humanos (em todos os sentidos) não devemos (nem podemos) perder!